Audiência Pública discute ações sustentáveis que visem a preservação do Bioma Cerrado

O evento ocorreu no auditório Costa Lima da Assembleia Legislativa de Goiás e teve entre suas decisões a proposta de criação de um Fundo em prol do Cerrado.

A deputada Adriana Accorsi (PT) realizou na tarde desta quinta-feira, 12 de setembro, a audiência pública em comemoração ao “Dia do Cerrado”. O evento ocorreu no auditório Costa Lima da Assembleia Legislativa de Goiás e teve entre suas decisões a proposta de criação de um Fundo em prol do Cerrado.

Um dos participantes da mesa, o professor Altair Sales Barbosa, presidente do Instituto Altair Sales, diz que avisa há 50 anos da destruição do Cerrado em artigos científicos, mas isso não gerou mais preservação ambiental. “Nós temos um conhecimento errado sobre o Cerrado e, por isso, as consequências de planejamento e uso do espaço são também errôneas”, afirmou. “Precisamos preservar o mais antigo ambiente do planeta Terra, que é o Cerrado e para isso precisamos rediscutir todas as plantas e animais, sem um solo carente de nutrientes básicos o Cerrado não sobrevive, precisa de um clima menos úmido, ou seja, o Cerrado já chegou no seu clímax evolutivo e, uma vez degradado, ele não se recupera nunca mais na plenitude de sua diversidade”, assinalou.

O engenheiro Henrique Luiz Araújo Costa representando a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, diz que o grande desafio é a água tratada para todos, aumentar a disponibilidade dessa água é um dos problemas mais urgentes e não basta se preocupar com o tema, é preciso agir. “Houve um desmonte das companhias de saneamento, preciso de saneamento para todos e o desmonte e privatização da água levam todo mundo pra ruína”, afirmou. “Quem já privatizou o saneamento, no mundo, quebrou a cara e voltou atrás, como foi o caso da França”, pontuou.

Já o ex-prefeito e ex-secretário municipal de meio ambiente Pedro Wilson (PT), disse que o braço do agronegócio e do latifúndio não deixam votar projetos de políticas públicas que beneficiem o Cerrado e outros biomas. “A Noruega, a Alemanha e outros países davam dinheiro para o Brasil preservar esses biomas, inclusive a Mata Atlântica, e agora estão desistindo porque esse governo federal nem isso quer”, destacou. “Um dos desafios nossos em relação ao Cerrado é olhá-lo daqui 25 anos, projetar o futuro e não só o ano que vem, por isso proponho a criação de um Fundo do Cerrado, é preciso incentivar a agricultura orgânica, a agricultura familiar, precisamos criar centros de melhoramentos de sementes, precisamos passar para as gerações futuras um mundo melhor”, afirmou.

O professor da UFG, Paulo Marçal Fernandes alertou para o uso indiscriminado de agrotóxicos autorizado pelo governo federal em 2019 e o risco de termos mais casos de câncer na população, em breve. “Podemos fazer a mesma produção de alimentos de hoje com metade dos agrotóxicos que usamos hoje, a outra metade é usada por questão puramente comercial”, afirmou. Ele disse também que a grande questão dos transgênicos na alimentação hoje é comercial e não exatamente questão de saúde. “O que está em jogo é o pagamento de royalties, o gene modificado é patenteado e ele pode gerar bilhões de lucros para uma ou outra empresa, em termos de saúde não muda muita coisa”, afirmou.

Por fim, a professora universitária e presidente do PT de Goiás, Kátia Maria, disse que a sustentabilidade é a pauta mais urgente hoje no capitalismo e o Brasil vai na contramão disso. “Nossa relação com os recursos naturais está prejudicada, hoje os jovens não têm mais relação com a natureza, com as plantas, com o verde, por isso é preciso a consciência de uma relação sustentável com o mundo e essa guerra que fazem contra o meio ambiente é mais forte do que nós”, afirmou.

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